Urbanismo feminista: análise de três projetos urbanos de habitat popular na América Latina.

Resumo

O urbanismo feminista promoveu novas formas de intervenção no desenho e na gestão da cidade, tanto por parte da administração pública quanto por iniciativas comunitárias, implantando boas práticas em diferentes territórios. Este artigo analisa três casos de projetos urbanos de habitats

populares na América Latina. Avalia os papéis das pessoas envolvidas, as tipologias urbanas e edilícias definidas e as formas de organização social adotadas, verificando o grau de associatividade às ideias teóricas do Feminismo e do Cuidado no planeamento urbano. Foi realizada uma sinalização individual de cada caso por meio de 6 categorias: Contexto, Objetivo, Atores, Estratégia, Impacto e Características do Urbanismo Feminista. Trabalhamos com uma matriz comparativa que permite relacioná-los, detectar pontos em comum e destacar particularidades, entre outros. Os casos analisados foram o Bairro Intercultural “Comunidad de cambio” em San Martín de los Andes, Argentina; o Bairro “Alto Comedero” em San Salvador de Jujuy, Argentina, e o Bairro “Maestranza” em Santiago do Chile, Chile.Os resultados obtidos confirmam a existência de uma perspetiva de género no planeamento, gestão e execução de cada projeto urbanístico, com particularidades em cada caso, e permitem afirmar a eficácia da metodologia delineada. Os projetos promoveram a integração sociourbana, a amplitude dos direitos das mulheres e das diversidades, bem como a interseccionalidade das abordagens que contemplaram aspectos patrimoniais, reparações históricas, sustentabilidade ambiental; o trabalho cooperativo como transformador do território, a priorização das políticas de cuidado e o questionamento dos papéis de gênero na distribuição de tarefas.