Lavanderia comunitária de Pelican Bay

Narrativas espaciais feministas do patrimônio cultural de Santa Cruz, Arquipélago de Galápagos.

Resumo

A única história escrita sobre Galápagos favorece uma narrativa centrada nas áreas protegidas, inscritas na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO de propriedades naturais (1978). Quando a narrativa desloca o olhar, a história humana de Galápagos é contada a partir de uma perspectiva masculina. Esse contexto justifica o objetivo deste artigo, que é restaurar as memórias das mulheres no patrimônio cultural da Ilha de Santa Cruz, reconhecendo a sustentabilidade da vida (Carrasco, 2009) como uma prática indispensável na construção e habitabilidade do território. Esse objetivo questiona os preconceitos nos processos de patrimônio, que privilegiam uma perspectiva masculina e eurocêntrica que, ao se cruzar com a raça, concede privilégios sociais a certos homens em detrimento de todas as mulheres. As narrativas espaciais feministas expandem as margens da única história humana de Galápagos. Esse exercício despatriarcaliza a narrativa ao reescrever as narrativas do patrimônio a partir de outro olhar, que está localizado na lavanderia comunitária de Pelican Bay, no trabalho de cuidado e nas mulheres que o realizam. Essa prática espacial reconhece o cuidado da vida como uma necessidade indispensável nos processos de construção e habitabilidade do território.