Formas de vida para uma habitação transindividual: uma genealogia intencional a partir de três quadros de reflexão.

Resumo

Esta reflexão explora as possibilidades de uma arquitetura que se abre à vida política afirmativa e uma habitação como um espaço de e para a vida que, vai além da lógica universal, exclusiva e antropocêntrica do Humanismo.

Ela propõe repensar e recompor um marco teórico alternativo e complementar para a arquitetura e para o habitar, baseado na conceito de formas de vida de Ludwig Wittgenstein e da sua apropriação como formas-de-vida de Giorgio Agamben, que se estende ao Pós-humanismo neomaterialista e ao Feminismo de Rosi Braidotti, as contribuições de Roberto Esposito que defendem uma concepção de vida inerentemente exposta ao mundo e aos outros e; a outras investigações mais localizadas, emancipatórias e pluralistas, que contribuem para iluminar os debates do presente e renovar as histórias e teorias humanocêntricas da arquitetura que têm sido escritas e ensinadas.

A abertura e indeterminação deste percurso pode oferecer para as formas-de-vida pós-humanas emergentes uma habitação a ser feita, aberta e mutante, adequada para sua nova forma em contínua mutação que, num contexto de crise de habitação e incerteza vital, não conhece as metamorfoses pelas quais passará.

Esta genealogia tenta ser um dispositivo de investigação que se define e se reforça através de aberturas, fugas e evocações e que, opera de forma transdisciplinar permitindo uma existência e uma habitabilidade não repressivas para compor um mundo comum em mutação.