Próximo lançamento A30 Desenhando para o mundo real

2021-09-22

À questão insidiosa e recorrente de latitude excludente sobre o que é projetar em oposição ao design, acrescenta-se a vacilação tragicômica sobre o que poderia ser a realidade, ou melhor, dentre as possíveis, a que será decantada para uma prospecção, o que não é um objetivo determinante.

Agora que as crises econômicas de 2008 e a crise pandêmica de 2020 passaram - como percursos, mas também como golpes dilacerantes - e suspeitamos que são a mesma coisa, precisamos tomar uma posição que seja, ao mesmo tempo, uma ação, renovando as causas que infelizmente se somam às disciplinas que antes dessas crises tradicionalmente tinham essa atribuição social.

Renovar significa não apenas repensar o que a arquitetura é hoje, mas também o mundo que ela é, a realidade que ela revela. Se admitirmos o design como categoria de categorias, colocado na dimensão "Mundo", ele implica considerar "a vida cotidiana, mas vai para infra-estruturas, cidades, espaço habitado, tecnologias médicas, alimentação, instituições, paisagens, a experiência virtual e, finalmente, a experiência", se seguirmos a reflexão que Arturo Escobar fez em "Autonomia e Design, a realização do comunal" em 2016.

Na constituição de qualquer estatuto de renovação, aparece um estado da questão, baseado em uns antecedentes, para, a partir daí, apostar na radicalidade do que, até então, não era viável. O desalojamento da base Moderna, que permeia tudo com sua exata inadequação, exigiria, nessa renovação, um pano de absorção para limpar as consequências, a fim de tornar visível o que temos como base comum.

Alguns, utilizando garantes que têm graus de liberdade limitados, apelam à fraternidade e ao perdão pela coesão. Outros, autistas, sustentam que a crise é uma transição e que sairemos dela mais cedo ou mais tarde. Há aqueles que aproveitam as notícias dos últimos dias, com a consequência miserável de sua aceleração.

Mundos reais, distantes, mas interativos, cuja cláusula final da constituição do viável deixa a porta aberta para a ação gerada por uma chave ontológica de projeto onde não há especialistas, mas sim responsabilidades disseminadas para alcançar autonomia e formular formas de vida.