Histórias de luta, histórias de mulheres
relatos de lideranças pela regularização fundiária do bairro Vale Verde, Juiz de Fora - MG.
DOI:
https://doi.org/10.12795/astragalo.2023.i33-34.12Palavras-chave:
Historiografia feminista, Cidades e memória, Gênero, Regularização fundiária, Direito à cidadeResumo
A história oficial da conformação dos territórios está consolidada a partir de documentos, registros, livros, bem como se vê retratada em espaços públicos, edifícios e monumentos. Mas, como disse Walter Benjamin, essa é uma história dos vencedores sobre os vencidos, portanto esses são os elementos que promovem a manutenção de estruturas sociais baseadas na dominação de um povo sobre outro. Embora essa história tenha determinado uma invisibilidade às mulheres, e um furto da sua construção ativa dos espaços, nota-se através de uma releitura feminista dos processos de regularização fundiária, a presença massiva das mulheres encabeçando esses movimentos sociais. Diante disso, este estudo busca promover uma pesquisa-registro, usando como campo de estudo o movimento de luta por moradia no bairro Vale Verde, em Juiz de Fora (MG). Por meio de uma pesquisa documental sobre o tema, somada a duas entrevistas com lideranças comunitárias - Dona Izaura e Balbina - discute-se a problemática das relações sociais de gênero nos processos históricos de reivindicação de moradia e regularização fundiária, e a dinâmica de apagamento das mulheres presentes nessa luta. A apresentação dessas narrativas, com o foco em suas histórias de vida durante e após o movimento, evidencia as condições ainda mais dramáticas das dificuldades do acesso à terra e moradia enquanto mulher, e também, as barreiras impostas pela sua condição feminina à construção de uma continuidade na vida pública e política. Busca-se também com esse trabalho, utilizar do espaço de divulgação acadêmica, para registrar a memória e as histórias de vida dessas mulheres.
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