Astrágalo anuncia duas novas chamadas para artigos: A39 (EXTRA) (2025) DUPLO COLAPSO: ECOSSISTÊMICO E HUMANÍSTICO e A40 (2025) TRAÇANDO AS FRONTEIRAS | EXPLORANDO AS INTERSEÇÕES ENTRE O TREINAMENTO ARQUITETÔNICO E PRÁTICO.
A39 (EXTRA) DUPLO COLAPSO: ECOSSISTÊMICO E HUMANISTA.
Editores convidados:
Manoel Rodrigues Alves, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, Brasil
Julio Arroyo, Universidad Nacional del Litoral, Santa Fe, Argentina
submissões até 30 de maio de 2025
revisão por pares até 30 de julho de 2025
publicação outubro de 2025
Para os coetâneos dos primeiros 25 anos do Século XXI, a contemporaneidade, entendida como condição histórica e pauta cultural, reformula problemáticas e introduz novos temas de estudo, condicionando a revisão de procedimentos e marcos teóricos aparentemente consolidados. A consciência do viver em novas eras, como do antropoceno e do digital, abre hipótesis de transição para um mundo pós-humano no qual a cidade e o território, o espaço público e as práticas sociais, a arquitetura e a estética da vida cotidiana se enfrentam como o final de um ciclo histórico, dando lugar a um estado diferente. Para José Luis Pardo (2011), em razão da mudança civilizatória que atravessamos, estamos instalados em uma transição permanente de paradigmas: é assim no Sul Global?
Desde a modernidade, o sentido do desenvolvimento da técnica afeta a distintos campos disciplinares, como o da Arquitetura e do Urbanismo, que têm se constituído em distintos saberes absolutos sobre os modos de habitar a Terra, considerada como um recurso disponível a ser instrumentalizado, com o consequente desaparecimento de biomas e a degradação de paisagens. Os territórios urbanos, as cidades, têm se transformado e constituído em dispositivos de alto impacto ambiental. Na coetaneidade de novos paradigmas, Antropoceno, Capitaloceno ou Chthuluceno surgem como conceitos que, por sua amplitude, expressam a multicausalidade dos processos que afetam o planeta em seu conjunto, abrindo a possibilidade de desenvolvimento de uma nova ética mna relação entre a humanidade e a natureza.
Da mesma forma, a consolidação da era digital promove a lógica informacional em todas as ordens da existência, facilita uma conectividade compulsiva entre indivíduos monádicos (Sadin, 2020) e expande a aplicação de inteligência artificial, dando lugar a fenômenos de crises que transcendem limites nacionais e desafiam o poder dos Estados. Emergem realidades nas quais os sujeitos desenvolvem, por imperativo da época, novas sensibilidades e capacidades cognitivas que alteram a noção de espaço e de tempo. O locus urbano, como fator de estabilidade no espaço e duração no tempo, cede frente a volatilidade e instantaneidade do digital, modificando as práticas coletivas en el espacio público urbano.
As cidades (do Sul Global), caracterizadas por suas múltiplas temporalidades e espacialidades, que em si mesmo podem explicar-se por sua complexidade histórica, se enfrentam com a necessidade de processar novas externalidades próprias de suas singularidades e da mundialização política, económica y cultural. De tal modo que, a questão de nossos tempos, do antropoceno e do digital, constitui um epifenômeno que introduz novos parâmetros para pensar a cidade como palimpsesto de significados, elementos materiais e práticas sociais.
Se trata de mundos em ruínas que se instauram? Mundos humanos e não-humanos produzidos a partir de uma lógica de fugacidade e instantaneidade, de tempos efêmerose espaços amnésicos (A. F. Carlos, 2007), de esquecimentos e substituições? Nesta nova era, a separação entre Natureza e Cultura, como também entre sujeito e sociedade, é insustentável e exige testar novas perspectivas e abordagens para fazer frente a dualismos, ao colonialismo e a hegemonia, aspectos próprios do mundo ocidental.
Considerando que a cidade atual, que é expressão do poder do capitalismo globalizado e expressa uma nova chave, da tríade cidade-trabalho-política para cidade-gerenciamento-negócio, potencializada pela presença disruptiva da tecnologia, colocamos as seguintes perguntas:
- Em consequência de um campo civilizatório em transformação, quais são as possibilidades e limitações do Sul frente a complexidade e as tendencias contemporâneas?
- Estas tendencias constituem novas ameaças ou oportunidades para sociedades marcadas desigualdades agudas?
- Em que medida o Sul Global propõe uma epistemologia situada, adequada para enfrentar os desafios do momento coetâneo? O que surge como desenvolvimento desta epistemologia em relação aos valores, elementos e procedimentos de disciplinas projetuais como a Arquitetura e o Urbanismo?
Convidamos a pensar alternativa y criticamente sobre os processos materiais e simbólicos de nossas cidades e territórios através da apresentação de casos, reflexões, análises ou registros que expressem como estas tendencias se processam, se desenvolvem no Sul Global, em um tempo que vive como causa e consequência de um hipotético apocalipse duplo: do colapso ambiental e humano.
CARLOS, Ana Fani. O Espaço Urbano. Novos escritos sobre a cidade. São Paulo, FFLCH-LGU, 2007.
PARDO, José Luis. Disculpen las molestias, estamos transitando hacia un nuevo paradigma. En Arena, L. y Fogué, U. Planos de (inter)sección. Materiales para un diálogo entre filosofía y arquitectura. Lampreave, 2011.
SADIN, Eric. La Inteligencia artificial o el desafío del siglo. Anatomía de un antihumanismo radical. Buenos Aires, Caja Negra, 2020.
----------
A40 (2025) DESFOCANDO AS LINHAS | EXPLORANDO AS JUNÇÕES ENTRE A EDUCAÇÃO ARQUITETÔNICA E A PRÁTICA PROFISSIONAL
Editoras convidadas:
Victoria Farrow Arquiteta. Facultad de Arquitetura de Leicester, Universidad De Monfort
Alona Martínez Pérez. Arquiteta. Escuela de Arquitetura de Leicester, Universidad De Monfort
submissões até 30 de maio de 2025
revisão por pares até 20 de julho de 2025
publicação setembro de 2025
^ O mundo real.
^ Pronto para praticar.
^ Preparado para o cargo.
Essas são todas frases comuns usadas na educação arquitetônica, pois descrevemos a preparação de graduados para concluir seus cursos e também quando conversamos com profissionais sobre as expectativas da indústria. É claro que é importante que os graduados saiam do ensino superior prontos para trabalhar e que tenham confiança para se envolver com tarefas no escritório. Embora não seja o único objetivo da educação arquitetônica, o objetivo principal deve, idealmente, estar na empregabilidade, mas quais outros componentes são importantes ao educar arquitetos do futuro?
Ao discutir a universidade com aqueles que educam grupos de 16 a 18 anos, um tópico comum é frequentemente se um aluno está pronto para a universidade. Sua educação anterior os equipou o suficiente para dar o próximo passo no ensino superior? Que preparação aconteceu para explorar essa junção e o suporte adequado foi dado para criar uma trajetória de sucesso? Este tópico de prontidão também é um tema comum entre educadores de graduação, à medida que desvendamos se a formação educacional de um aluno os equipou para se sentirem suficientemente preparados para a educação arquitetônica. Por décadas, também tem sido comum questionar as junções que acontecem entre os níveis educacionais na escola de arquitetura. Ao fazer isso, a prática pedagógica e a compreensão evoluíram para criar métodos de ensino e projetos que tenham adequação de nível tanto para o "agora" quando recebem os alunos ingressantes, mas também para o futuro. Por meio desse elemento de planejamento futuro, os educadores visam garantir que os alunos da educação arquitetônica e dos campos de design relacionados entrem na prática profissional com conhecimento apropriado e um conjunto de ferramentas para ter um desempenho bem-sucedido.
Uma pergunta que talvez seja feita com menos frequência seria: as práticas e a indústria estão “ prontas” para nossos alunos e quais reflexões estão acontecendo na indústria em termos de orientação que responda ao mundo em constante mudança e, por sua vez, ao treinamento arquitetônico?
Essa junção específica onde o ensino superior encontra a prática profissional tem permanecido em debate por muitas décadas. Com a profissão em constante evolução e mudança para acomodar nossa sociedade e clima em mudança, pode-se questionar se é mesmo possível treinar graduados para estarem "prontos" para o mundo real? No mesmo tópico, a educação arquitetônica continua a enfrentar pressões para atender às necessidades de nossos alunos ingressantes, que, ano após ano, também estão mudando em termos de suas necessidades, aspirações e habilidades. Os alunos de hoje estão se juntando à educação arquitetônica adeptos e altamente capazes em tecnologias e softwares que os alunos de uma década atrás não eram. Eles também estão muito mais cientes dos desafios apresentados pela crise climática; lutando com a crise financeira que está mordendo e familiarizados com a necessidade de uma conscientização mais ampla de igualdade, diversidade e inclusão. Como tal, é necessário que a educação arquitetônica se adapte e acomode esses novos tipos de alunos para criar novos currículos bem pensados que abordem itens como inclusão; IA, BIM e novos materiais (para mencionar alguns), bem como encontrar novos métodos pedagógicos para fornecer conteúdo. À medida que a educação arquitetônica ajusta o front end do treinamento de um arquiteto, como as práticas estão reagindo às nossas mudanças de graduados? Quais conversas estão acontecendo dentro da profissão e dentro da educação arquitetônica sobre essa junção pós-graduação e como isso está sendo abordado?
Em ambos os lados dessa junção crítica, dentro da educação arquitetônica e da profissão, mudanças foram forçadas como resultado da pandemia e da crise climática. Da mesma forma, as notícias arquitetônicas colocaram os holofotes sobre maus-tratos, bullying, baixa remuneração, misoginia e coisas piores acontecendo internamente. As mudanças que chegam da ARB para a educação de graduação também apresentam novos desafios que devem ser enfrentados. Este resumo, portanto, coloca a questão de como deve ser a educação arquitetônica para futuros arquitetos e como a junção entre os dois deve ser tratada à medida que progredimos. Como nos preparamos para um futuro desconhecido?
Este chamado convida acadêmicos, pesquisadores e estudantes a darem exemplos de projetos e pedagogias sendo usados para preparar estudantes para a profissão e discutir como nosso trabalho dentro da educação arquitetônica está equipando estudantes com as habilidades e conhecimentos necessários para o escritório. O resumo também convida artigos de profissionais, que podem ou não estar escalonando a linha divisória entre educação e prática, que discutem como a indústria está evoluindo para se preparar para receber novos graduados e como a profissão está trabalhando para acomodar as mudanças que estão acontecendo dentro da educação arquitetônica.
Os artigos que respondem a este resumo devem primeiro tomar sua posição sobre o que significa “pronto para a prática” e o “mundo real?”. Também será necessário declarar uma posição como educador, praticante ou ambos.