Quem averigua as notícias, os algoritmos ou jornalistas? A lógica crítica de C. S. Peirce como processo de identificação de uma Fake News.
DOI:
https://doi.org/10.12795/Ambitos.2019.i46.13Palabras clave:
Pós-verdade, Fake News, Algoritmos, C. S. Peirce, Lógica CríticaResumen
Nos tempos atuais as notícias são produzidas, consumidas e veiculadas numa escala de processamento, memorização e partilha sociotécnica que ultrapassa qualquer momento anterior vivido pela humanidade. Deve-se à intermediação dos sistemas computacionais, regidos por específicos algoritmos, que se apresentam como generosos propulsores de desintermediação cultural e que atuam pelas plataformas e serviços digitais como Facebook, Twitter, Instagram, Whatsapp etc. Nesse ambiente os agentes produtores de notícias e opiniões (e confusão entre as duas coisas) se multiplicam, determinando processos de desinformação e desordem cognitivo.
O espaço digital se configura progressivamente como um território de conquista, com conteúdos noticiosos sempre mais incertos e escorregadios, onde as emoções e visões sobre a realidade se misturam e se aproximam das ficções. As Fake News, assim, se tornam como “armas” para uma guerra entre narrativas sobre factos teoricamente reconhecíveis como tais por parte de todos, mas ressignificados como representantes de “realidades alternativas”. Assim, o desejo de acreditar apenas em uma versão da realidade, assim como num conteúdo não verificado, precisaria ser travado por um olhar crítico sobre a facciosidade e os males que estes poderiam causar.
Esta dissonância entre narrativas afeta também as polarizações entre notícias de cariz científico e conspirativo, onde manifesta-se uma viralização de conteúdos anticientíficos. Também os conhecimentos estabelecidos e as competências consolidadas, portanto, ficam reféns de uma lógica opositiva assente na descrença apriorística contra o que tradicionalmente era considerado ser oficial e objetivo. Os âmbitos das notícias, das informações e das ciências ficam assim desafiados a experimentar novas formas de apresentar, analisar, assinalar e divulgar o que parece ameaçar a sua credibilidade.
A lógica do pensamento crítico, como destacado também pelo trabalho epistemológico de Peirce, é a pedra fundamental no combate e na prevenção da distorção dos factos e dos conhecimentos estabelecidos. Agora trata-se de ter em conta como tal senso crítico deve cada vez mais instalar-se também no âmago dos softwares que gerem e produzem informações em rede.
Descargas
Métricas
Citas
BLAUG, M. The Methodology of Economics or how economists explain. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
BOLTON, D. M., & Yaxley, J. (2017). Fake news and clickbait – natural enemies of evidence-based medicine. BJU International, 119, 8–9. https://doi.org/10.1111/bju.13883
BROUSSARD, Meredith. Artificial unintelligence. How computers misunderstand the world. Cambridge, MA: MIT Press, 2018.
BURCH, R. "Charles Sanders Peirce", The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Fall 2001 Edition, Edward N. Zalta. http://plato.stanford.edu/archives/fall2001/entries/peirce.
CONNER-SIMONS, Adam. Detecting fake news at its source Machine learning system aims to determine if an information outlet is accurate or biased. MIT News 04-Out-2018. http://news.mit.edu/2018/mit-csail-machine-learning-system-detects-fake-news-from-source-1004
DA COSTA, Newton. Introdução aos fundamentos da matemática. Ed. Hucitec. São Paulo. 1992.
DYSON, George. Turing´s Cathedral: the origins of digital universe. New York. Pantheon Books. 2012.
FAKE NEWS. Oxford Dictionary. Disponível em https://en.oxforddictionaries.com/definition/post-truth. Acesso em 10 outubro de 2018.
FERREIRA, Victor. Nasceu o Polígrafo, um jornal para detectar mentiras. Jornal Público de Portugal 06-Nov-2018. https://www.publico.pt/2018/11/06/economia/noticia/nasceu-poligrafo-jornal-detectar-mentiras-1850140.
GALA, A. C. O. S., GALA, P. S. O. S., FERNANDES, D. A., WJUNISKI, B. S. Abdução e a lógica da descoberta em economia. Cognitio-Estudos (PUC-SP. Online), v. 10, p. 23-33, 2013.
GALA, A. C. O. S.. Bases fundamentais para construção de uma ferramenta automática de assessment de personalidade. Tecnologia Educacional, Associação Brasileira de Tecnologia Educacional.. v. 31, p. 6-16, 2015.
HANDS, D.W. Reflection without Rules, Economic Methodology and Contemporary Science Theory, Cambridge University Press, Cambridge, 2001.
HARARI, Yuval Noah. 21 Lições para o Século XXI. Penguin Random House, Reino Unido. 2018.
HOOVER, K., D., “Pragmatism, Pragmaticism, and Economic Method” in Contemporary Issues in Economic Methodology, Roger E. Backhouse, editor. London: Routledge, 1994.
MARCOS RECIO, J. C., SÁNCHEZ Vigil, J. M., & OLIVEIRA Zaldua, M. La enorme mentira y la gran verdad de la información en tiempos de la postverdad. Scire. 2017.
McCRAE R. Robert, John P. Oliver. An Introduction to the Five-Factor Model and Its Applications. National Institute on Aging. NIH, 1991.
NICHOLS, T. (2018) A Morte da Competência, Lisboa, Quetzal.
PEIRCE, C. S. The Fixation of Belief, Popular Science Monthly 12 (November 1877), 1-15.
_________. Collected Papers, Hartshorne, Weiss, and Burks (eds.), 8 vols. Cambridge: Harvard University Press, 1931-1958. Citado como CP seguido pelo número do volume e números de parágrafos. MS e L referem-se aos manuscritos não publicados e paginados pelo ISP.
_________. Selected Writings (Values in a Universe of Chance), ed. Philip Wiener, Dover Publications, New York, 1958.
_________. Writings of Charles S. Peirce. A Chronological Edition, Fisch et al. (eds.), Bloomington: Indiana University Press, 1982-. Citado como W seguindo do número do volume.
_________. The Essential Peirce, Selected Philosophical Writings, Indiana University Press, 1992.
PLUTA, A. (2016) Trump Supporters Appear to Be Misinformed, Not Uninformed, em FiveThirtyEight.com (https://fivethirtyeight.com/features/trump-supporters-appear-to-be-misinformed-not-uninformed/)
ROSENTHAL, S. Peircean Phaneroscopy: The pervasive role of abduction. Semiotica 153-1/4, 299-307, 2005.
SANTAELLA, Lucia. O Método Anticartesiano de C.S. Peirce. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
_________. Percepção. Fenomenologia, ecologia, semiótica. 1. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
_________. Cognitio, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 93-110, 2008.
_________. Temas e dilemas do pós-digital. A voz da política. São Paulo: Paulus, 2016.
_________. A pós-verdade é verdadeira ou falsa?. . São Paulo. Coleção Interrogações, 2018.
SUNSTEIN, C.R. (2017) #Republic. Divided Democracy in the Age of Social Media. Princeton: University Press.
TEIXEIRA, João Fernandes. Mentes e Máquinas: uma introdução à ciência cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas. 1998.
TURING, Alan. On Computable Numbers, with an Application to the Entscheidungsproblem. Proceedings of the London Mathematical Society, ser. 2, vol. 42: 230. 1936.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Ámbitos. Revista Internacional de Comunicación es una revista de acceso abierto, lo que significa que todo su contenido está disponible gratuitamente para el usuario o su institución. Los usuarios pueden leer, descargar, copiar, distribuir, imprimir, buscar o enlazar con el texto completo de los artículos, o utilizarlos para cualquier otro fin lícito, sin solicitar permiso previo al editor o al autor. Esta definición de acceso abierto se ajusta a la Iniciativa de Acceso Abierto de Budapest (BOAI).
A menos que se indique lo contrario, todo el contenido de la edición electrónica se distribuye bajo una " licencia internacional Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 ". Puede consultar la versión informativa y el texto legal de la licencia aquí. Esto debe indicarse expresamente de esta manera cuando sea necesario.
En caso de aceptación del manuscrito, los autores ceden los derechos de la obra para su publicación a Ámbitos. Revista Internacional de Comunicación bajo el contrato de licencia Reconocimiento-NoComercial-CompartirIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA 4.0). Los autores conservan los derechos de autor y terceros están autorizados a copiar, distribuir y hacer uso de la obra, siempre que cumplan con los términos y condiciones establecidos en la licencia.
- Citar la autoría y la fuente original de publicación (revista, editorial y URL de la obra).
- No los utilice con fines comerciales.
- Si remezcla, transforma o crea a partir del material, debe publicar sus contribuciones bajo la misma licencia que el original.
Se puede encontrar más información en https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/deed.es
- Resumen 462
- PDF (Português (Brasil)) 229