Leitura além da imagética: Interpretando a arte da comunidade de escultura de Tengenenge

Resumo

A arte visual do Zimbábue passou por uma transformação significativa desde a era pré-colonial até os dias de hoje. Durante esse período de desenvolvimento, o Centro de Arte Tengenenge tem sido um dos espaços de arte visual mais estáveis, testemunhando a evolução da escultura em pedra do Zimbábue até a era contemporânea. Este artigo explora a imagética visual do Centro de Arte Tengenenge no contexto da escultura em pedra no Zimbábue e sua interface com os sistemas de conhecimento indígena africano. Por meio de uma combinação de análise visual e pesquisa etnográfica, o artigo ilumina como essas esculturas funcionam como veículos da história, identidade e realidades socioeconômicas, ilustrando, em última instância, sua relevância duradoura no discurso contemporâneo sobre arte e patrimônio cultural africano. Situadas no contexto cultural e sociopolítico do Zimbábue, as esculturas de Tengenenge não são analisadas apenas como formas estáticas, mas como expressões dinâmicas carregadas de significados e narrativas mais profundas. Ao aprofundar-se no simbolismo, nas técnicas e na relevância cultural incorporados nessas esculturas, este estudo busca desvendar as camadas de interpretação que enriquecem nossa compreensão da arte de Tengenenge. Os dados foram coletados por meio de uma série de entrevistas com escultores selecionados intencionalmente, análise de suas obras e observação dos artistas em sua prática. Os resultados revelam que a comunidade de escultura de Tengenenge possui um rico patrimônio cultural inspirado em sistemas de conhecimento indígena e na imagética africana. Devido à diversidade cultural entre os artistas, a escultura não apresenta uma linguagem visual comum e generalizada. Portanto, Tengenenge é um valioso centro de recursos para a compreensão dos parâmetros sociais, culturais e espirituais da estética africana subsaariana.