Caráteres fictícios

Resumo

Quando a realidade envolve personagens fictícios, nossa sociedade assume com surpresa incrédula a possibilidade real da existência desse evento, narrado centenas de vezes nas telas. Nesses dias de junho, o apocalipse da megalópole de Nova York, tantas vezes contado na ficção, tingiu a realidade de laranja como mais um efeito da materialidade da mudança climática, testemunhada pela enésima vez pela ciência. Talvez as cores dessa realidade só pareçam reais quando as vemos em uma tela, como Alex, o protagonista de Laranja Mecânica, de Kubrick, costumava dizer. É nessa interseção, entre a mídia e os espaços culturais, onde tudo acontece e ocorre, borrando e cruzando as fronteiras entre as dimensões digitais, não digitais, artísticas, científicas, educacionais e sociais, que surge a necessidade de uma atenção plural, holística e verdadeiramente transformadora aos nossos contextos. A realidade deve ser abordada por meio do estudo dos códigos de narração: a expressão cultural é inseparável da análise. Este número 9 da Communiars. Revista de Imagem, Artes e Educação Crítica e Social implica continuar a aprofundar esse enfoque analítico que valoriza o cruzamento de espaços conceituais, a necessidade de assumir que o conhecimento é um espaço que engloba múltiplas disciplinas entrelaçadas que abordam o contexto sem se desprender de suas narrativas. Agradecemos o trabalho e o comprometimento dos autores e autoras que contribuíram para o desenvolvimento desta edição da revista: Pedro Texeira e Marcelo Tramontano (Universidade de São Paulo, Brasil); Candela Ocón Aburto (Universitat Oberta de Catalunya); Leonor Bonifacio Sánchez (Universidad de Sevilla); Ruth Cabeza Ruiz, Rocío Alcázar Jiménez e Manuel Rodríguez Servián (Universidad de Sevilla); e Sergio Moneo Benítez (Universitat de Barcelona). Obrigado. Omnia sunt communia.