Discurso colonial em vídeos de reação de estrangeiros: uma análise de representações de Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12795/Ambitos.2024.i66.08

Palavras-chave:

YouTube, Mídias sociais, Colonialismo, Cultura, Brasil

Resumo

Neste trabalho, investigamos as construções de sentido em espaços on-line sobre a cultura brasileira a partir de vídeos de reação de estrangeiros que abordam bens culturais do Brasil em suas narrativas. Enfocamos também nas práticas discursivas e sociais atravessadas por marcas de colonialidade que podem ser observadas nesses conteúdos. Examinamos especificamente os vídeos de estrangeiros que têm como objeto-pauta músicas brasileiras de diferentes gêneros. Para isso, utilizamos a Análise de Discurso Crítica como abordagem metodológica, enfocando a dimensão discursiva como prática social. Através das análises, identificamos que os youtubers buscam diversidade na representação da brasilidade por meio da música, embora o funk seja mais presente nesses vídeos de reação dos estrangeiros. Já nas interações dos brasileiros nos comentários, percebemos uma presença mais evidente da ideologia colonialista, que hierarquiza culturas, sujeitos, saberes e formas de vida, reforçando estereótipos e estigmas, embora ocorra em menor número em comparação aos elogios. Identificamos também uma valorização de gêneros musicais como MPB e sertanejo, em detrimento do funk, muitas vezes percebido como uma manifestação cultural inferior. Concluímos que os vídeos de reação podem ser compreendidos como uma expressão das tensões entre a cultura colonial e o entretenimento uma vez que têm o potencial de manter padrões coloniais de pensamento ao apresentarem uma perspectiva externa e exótica em relação à cultura retratada, reforçando estereótipos, simplificações de uma visão colonizadas e relações desiguais de poder.

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Publicado

2024-10-15

Como Citar

Rebouças, D. (2024). Discurso colonial em vídeos de reação de estrangeiros: uma análise de representações de Brasil. Ámbitos. Revista Internacional De Comunicación, (66), 150–171. https://doi.org/10.12795/Ambitos.2024.i66.08

Edição

Seção

MISCELÁNEA
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