As contradições discursivas sobre a mulher no contexto político brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.12795/Ambitos.2023.i61.03Palavras-chave:
visibilidade midiática, pandemia, semiótica, interseccionalidadeResumo
O estudo tem por objetivo analisar as valências simbólicas que são acionadas nas reportagens publicadas em sites governamentais de cinco Estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Pernambuco), durante atos iniciais de vacinação contra a Covid‑19, quando se verifica questões de raça e gênero com foco nas mulheres e sua posição na sociedade. Esses mesmos locais apresentaram os maiores índices de feminicídio nos últimos 11 anos, de acordo com o levantamento feito pelo Atlas da Violência, o que nos leva a discutir as contradições entre o mundo encenado e o mundo real. Com base nos conceitos da semiótica discursiva, plástica e figurativa de Algirdas Julien Greimas, identificamos elementos disfóricos em meio a um cenário de representações que buscam a visibilidade de um “Estado Presente”, colocando as mulheres no “centro” dos discursos políticos e midiáticos, mas que não encontram aderência na efetividade das políticas públicas voltadas para este segmento, suscitando, assim, a percepção de um “Estado Ausente”. As polifonias identificadas trazem à luz essas fragilidades e contradições que são discutidas ao longo do texto, buscando compreender como a diversidade de relações permeiam os discursos de agentes de estado que se utilizam de “oportunidades” da dinâmica social, como a Pandemia, para traçar estratégias de comunicação e formatar sua imagem‑conceito no imaginário social, a partir de possibilidades que podem ser construídas e desconstruídas em um contexto político dinâmico e interativo no que tange às questões de gênero.
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