Jornalismo cultural e temporalidade nos dossiês da revista brasileira Cult (2019)
DOI:
https://doi.org/10.12795/Ambitos.2022.i58.03Palavras-chave:
Jornalismo cultural, Temporalidades, Jornalismo de revista, Diacronia, revista CultResumo
Este artigo propõe uma leitura da dimensão temporal do jornalismo cultural, enfatizando a característica recorrente desse segmento editorial de atualizar o passado e de construir memória ao mediar a cultura. Valemo-nos da experiência da Cult, a mais longeva revista cultural brasileira, há 25 anos em circulação no mercado editorial. Com base no aporte teórico e metodológico da hermenêutica de Paul Ricoeur, particularmente de sua proposta de tríplice mímesis, analisamos uma amostra de seis edições mensais publicadas entre julho e dezembro de 2019, concentrando-nos na seção principal, intitulada Dossiês, por meio das chamadas de capa e dos textos internos. A partir da categoria temporal da diacronia e dos enquadramentos encontrados na amostra de dossiês, encontramos evidências do caráter contextualizador das narrativas comum ao perfil do jornalismo de revista. Identificamos a diacronia por intermédio de uma recorrente ausência dos tradicionais marcadores cronológicos jornalísticos, uma das características que impulsiona o potencial da publicação analisada de recircular ao longo do tempo, ainda que visando a um leitor restrito. Entendemos que os dossiês da Cult são recursos afirmativos de um jornalismo cultural que está em fricção com o passado por meio de um tempo presente lento e distendido, mostrando-se em contraponto à temporalidade jornalística comumente associada à velocidade, à aceleração e ao instantâneo.
Downloads
##plugins.generic.paperbuzz.metrics##
Referências
Antunes, E. (2007). Temporalidade e produção do acontecimento jornalístico. Em Questão, 13 (1), p. 25-40. https://bit.ly/3RIwlJH
Badenes, D. (2017). Las revistas culturales como sector y como movimiento. In: Badenes, D. (Ed.). Editar sin patrón. La experiencia política-profesional de las revistas culturales independientes 13-30. Club Hem Editores.
Borrat, H. y Fontcuberta, M. (2006). Periódicos: sistemas complejos, narradores em interación. La Crujía.
Faro, J. S. (2006). Nem tudo que reluz é ouro: contribuição para uma reflexão teórica sobre o jornalismo cultural [ponencia]. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fontcuberta, M. (1999). A notícia: pistas para compreender o mundo. Notícias.
Franciscato, C. (2005). A Fabricação do Presente. Editora da UFS.
Gadamer, H. G. (2006). O Problema da Consciência Histórica. Fundação Getúlio Vargas.
Gadini, S. (2009). Interesses cruzados: a produção da cultura no jornalismo brasileiro. Paulus.
Golin, C., Cardoso, E., Keller, S. y Muzykant, P. (2010, 8-10 de novembro) Jornalismo e representação do sistema cultural: a identidade das fontes na cobertura de cultura do jornal Diário do Sul (Porto Alegre, 1986-1988) [ponencia]. VIII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Faculdade de Comunicação, Universidade Federal do Maranhão. São Luís, Brasil.
Gomis, L. (1991). Teoria del periodismo: como se forma el presente. Paidós.
Hartog, F. (2005). Time and heritage. Museum International, 57, 7-18.
Lückman, A. P. (2020). A noção de contexto no Jornalismo: uma proposição a partir da Teoria da Complexidade. [Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Repositório Institucional UFRGS. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/212486
Luna, V (2017). Formas de crítica para nomear uma época. En: Badenes, D. Editar sin patrón. La experiencia política-profesional de las revistas culturales independientes, 257-289. Club Hem Editores
Oliveira, G. M. V. S. (2015). Da popularização da filosofia à expertise filosófica: uma problematização do papel do intelectual na mídia. Revista CULT 1997-2013. [Dissertação de Mestrado, USP].
Piza, D. (2003). Jornalismo cultural. Contexto.
Ricoeur, P. (2010). Tempo e narrativa. WMF Martins Fontes.
Rivera, J. B. (2003). El periodismo cultural. Paidós.
Quiroga, T. (2017). Consciência histórica, hermenêutica e suas origens no Romantismo Alemão. In: Porto O, S. D.; Mota, C. L. (Ed.). Hermenêutica e análise dos discursos em jornalismo, 47-73. Insular.
Soares, M. B. (2012). Poesia em revista: O apagamento do tema nos periódicos Bravo! e Cult. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul].
Tavares, F. M. B. (2020). Jornalismo e colecionismo: elos para pensar memórias e valores editoriais. In: Prado, D. F. B; Tavares, F. M. B.; Tavares, M. da S. (Ed). Mídia, tempo e interações sociais: conceitos em circulação, 285-311. Selo PPGCOM/UFMG.
Tétu, J.F. (2000). La temporalité des récits d’information. In: Vitallis et al. (Ed.). Médias, temporalités et démocratie, 91-108. Apogée.
Tsusui, A. L. N. (2006). Revista Cult: canal de expressão pública da produção cultural. [Dissertação de Mestrado, Universidade Metodista de São Paulo].
Vogel, D. (2008). O jornalismo cultural contra a comunicação. Cultura e Mercado.
Zambrano, M., Villalobos, O. (2010). Presencia del periodismo cultural y de espetáculo en la prensa zuliana. Anagramas: rumbos y sentidos de la comunicación, 9 (17), 67-82.
Zamith Silva, F. A. D. (2011). A contextualização no ciberjornalismo. [Tese de Doutorado, Universidade do Porto].
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Anna Cavalcanti, Cida Golin
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Ámbitos. Revista Internacional de Comunicación é um jornal de acesso aberto, o que significa que todo o conteúdo está disponível gratuitamente para o usuário ou sua instituição. Os usuários podem ler, baixar, copiar, distribuir, distribuir, imprimir, pesquisar ou vincular ao texto completo dos artigos, ou utilizá-los para qualquer outra finalidade lícita, sem solicitar permissão prévia da editora ou do autor. Esta definição de acesso aberto está de acordo com a Iniciativa de Acesso Aberto de Budapeste (BOAI).
A menos que seja observado o contrário, todo o conteúdo da edição eletrônica é distribuído sob uma "Licença Internacional Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0". Você pode consultar a versão informativa e o texto legal da licença aqui. Isto deve ser expressamente declarado desta forma, quando necessário.
No caso de aceitação do manuscrito, os autores cedem os direitos da obra para sua publicação à Ámbitos. Revista Internacional de Comunicación sob o contrato de licença Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International (CC BY-NC-SA 4.0). Os autores retêm os direitos autorais e terceiros estão autorizados a copiar, distribuir e fazer uso da obra, desde que cumpram os termos e condições estabelecidos na licença
- Cite a autoria e a fonte original de publicação (revista, editora e URL da obra).
- Não utilizá-los para fins comerciais.
- Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você deve liberar suas contribuições sob a mesma licença que o original.
Mais informações podem ser encontradas em
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/deed.es
- Resumo 156
- PDF 68