Desinformação climática no YouTube Brasil: entre a racionalidade científica e o apelo religioso

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.12795/Ambitos.2025.i68.02

Palabras clave:

mudanças climáticas, desinformação científica, desinformação climática, vídeos, YouTube

Resumen

Nos últimos anos, o YouTube tem se tornado uma plataforma relevante nos estudos sobre comunicação científica. Embora várias pesquisas tenham sido desenvolvidas no que tange à desinformação científica nessa plataforma, especialmente no contexto das vacinas, a desinformação climática ainda tem sido pouco explorada. Neste artigo, analisamos as dinâmicas de produção e circulação de desinformação climática em vídeos do YouTube no Brasil, publicados durante o ano de 2023. Para isso, consideramos tanto as particularidades dessa plataforma quanto as especificidades do contexto brasileiro. Os procedimentos metodológicos envolveram a coleta de dados na plataforma YouTube Brasil a partir dos descritores “mudanças climáticas” e “aquecimento global”, seguida de uma análise para a identificação de conteúdos desinformativos, chegando a um corpus de 34 vídeos. Utilizamos análise de conteúdo e temática, a partir de uma abordagem quali-quantitativa, em que exploramos temas, tipos de desinformação, atores sociais, presença/ausência de argumentos científicos, finalidade, além de cruzamentos entre essas categorias. Concluímos que, na plataforma YouTube no Brasil, naquele ano predominou um negacionismo climático a partir de um discurso com características informativas. Não obstante, a religiosidade/espiritualidade também surgiu como um tema relevante, a partir de fanatismos e do apelo a um discurso emocional e catastrófico por parte de líderes religiosos/espirituais.

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Biografía del autor/a

Ricardo Bolzán , Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT/Fiocruz)

Ricardo Bolzán é doutor e mestre em Turismo pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. É pesquisador de Pós-Doutorado vinculado ao Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT/Fiocruz), Fundação Oswaldo Cruz, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

Luana Cruz, Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT/Fiocruz)

Luana Cruz é doutora em Estudo de Linguagens pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. É pesquisadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia e professora nos cursos de pós-graduação em Criação Publicitária e Produção Audiovisual, Produção em Jornalismo Digital, Comunicação Estratégica nas Organizações, Estratégias de Alta Performance em Comunicação Digital da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É jornalista no Projeto Ilíada, da Rede Nacional de Educação e Pesquisa.

Luisa Massarani , Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT/Fiocruz)

Luisa Massarani é doutora em Gestão, Educação e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz. É bolsista produtividade 1B do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Cientista do Nosso Estado da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5710-7242

Email: luisa.massarani@fiocruz.br

Ana Cláudia Bessa de Resende, Universidade Federal Fluminense, Niterói

Ana Cláudia Bessa de Resende. Doutoranda em Sociologia (PPGS-UFF), Mestra em Sociologia e Antropologia (UFRJ) e Socióloga (UFF).

Vanessa Fagundes , Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT/Fiocruz)

Vanessa Fagundes é doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. É pesquisadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia e professora no curso de pós-graduação em Comunicação Pública da Ciência — Amerek — da Universidade Federal de Minas Gerais. É coordenadora da Assessoria de Comunicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.

Thaiane Oliveira , Universidade Federal Fluminense, Niterói

Thaiane Oliveira é doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense. É coordenadora do Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação e pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Comunicação Pública da Ciência, do INCT em Disputas e Soberania Informacional, do INCT em Administração de Conflitos. É pesquisadora da Cátedra Unesco de Multilinguismo e da Rede Nacional de Ciências para Educação e membro da Academia Brasileira de Ciência. É bolsista produtividade 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Jovem Cientista do Nosso Estado da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8588-3548

Email: thaianeoliveira@id.uff.br

Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil

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Publicado

2025-10-15

Cómo citar

Bolzán , R., Cruz, L., Massarani , L., Bessa de Resende, A. C., Fagundes , V., & Oliveira , T. (2025). Desinformação climática no YouTube Brasil: entre a racionalidade científica e o apelo religioso. Ámbitos. Revista Internacional De Comunicación, (68), 37–58. https://doi.org/10.12795/Ambitos.2025.i68.02

Número

Sección

MONOGRÁFICO