RESSONÂNCIA E REINVENÇÃO: DEBATE E PRÁTICA URBANA ANTES DA REVOLUÇÃO PORTUGUESA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12795/ppa.2022.i27.04

Palavras-chave:

Revistas de Arquitectura, Portugal, Plano Integrado de Almada, planeamiento, habitação evolutiva, urbanização evolutiva

Resumo

Nos anos sessenta do século xx, as redes impressas de disseminação arquitectónica ampliavam a escala de interacção e conectavam geografias distantes, proporcionando contacto com novas ideias de organização do território e do habitat, numa sociedade em rápida mudança, sob pressão demográfica e territorial, e com um imaginário graficamente contaminado pela evolução tecnológica. Em contraste, a resposta ao problema de escassez de habitação em Portugal era marcada por paisagens “pessimistas”, em territórios sujeitos a um não‑planeamento. Este artigo procura compreender até que ponto a ressonância dos conteúdos e do debate crítico internacional, amplamente mediatizados pelos periódicos especializados, se projectou na investigação de modelos habitacionais, nas formas de representação e na reinvenção das práticas do planeamento urbano em Portugal, no final da década de sessenta. A partir da análise qualitativa de textos, conteúdos e imagens publicados nas revistas Arquitectura e Binário, e da documentação de arquivo original do caso concreto do Plano Integrado de Almada —momento primeiro de experimentação—, verifica-se a influência desta perspectiva crítica ampliada na procura e definição de soluções, notória no modo como a concepção arquitectónica se foca nos sistemas geradores e de agregação, visando a flexibilidade e adaptabilidade, em lugar das anteriores preocupações com a composição formal.

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Biografia do Autor

Rute Figueiredo, Escola Superior Artística do Porto Centro de Estudos Arnaldo Araújo

(Lisboa, 1970), arquitecta (Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa 1994), mestre em história da arte (Universidade Nova de Lisboa 2003), Doutora em História e Teoria da Arquitetura pelo Eidgenössische Technische Hochschule Zürich (ETH Zurich 2018). É actualmente investigadora integrada no Centro de Estudos Arnaldo Araújo da Escola Superior Artística do Porto, e Prof. Auxiliar no Departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa. Autora do livro “Arquitetura e Discurso Crítico em Portugal” (Prémio José Figueiredo 2008), liderou o projeto R&D O Lugar do Discurso (FCT 2013-2015). O seu trabalho tem sido financiado pela União Europeia Horizonte 2020, Swiss National Scientific Foundation e Fundação para a Ciência e Tecnologia.É membro da rede científica Mapping Architectural Criticism. Publicou nas revistas Archithese (n.º 5, 2014); SHS Web of Conferences (n.º 63, 2019); Clara (n.º 7, 2020); Critique d’art (n.º 57, 2021); Fabrications (n.º 1; 2021).

Rui Seco, Centro de Investigação em Território Arquitectura e Design (CITAD), Lisboa, Portugal

(Lisboa, 1971), arquitecto (Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, 1994), urbanista (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 1997), MSc em Arquitectura, Território e Memória (DARQ, Universidade de Coimbra, 2006), é actualmente doutorando em Arquitectura na Universidade de Coimbra. Foi bolseiro da Fundação Marquês de Pombal e da Fundação para a Ciência e Tecnologia, e docente de Arquitectura na ARCA-EUAC, em Coimbra, leccionando Projecto de Arquitectura, História da Cidade e Teorias sobre a Cidade (1998-2014). Foi co-fundador e editor da revista A# e é desde 2018 investigador do Centro de Investigação em Território, Arquitectura e Design (CITAD). Publicou nas revistas Cidades, Comunidades e Territórios (n.º33, 2016); Athens Journal of Architecture (Vol. 6 n.º2, 2020); Athens Journal of Sciences (com Elsa Negas, Vol. 9 n.º2, 2022).

 

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Publicado

2022-11-20

Como Citar

Figueiredo, R., & Seco, R. (2022). RESSONÂNCIA E REINVENÇÃO: DEBATE E PRÁTICA URBANA ANTES DA REVOLUÇÃO PORTUGUESA. Proyecto, Progreso, Arquitectura, (27), 64–81. https://doi.org/10.12795/ppa.2022.i27.04
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