HABITAÇÃO EM MASSA PARA A CLASSE MÉDIA ENTRE A CIDADE E O SUBÚRBIO: O CASO DA QUINTA DAS LAVADEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.12795/ppa.2022.i27.07Palavras-chave:
habitação em massa, mega-estruturas, periferia, classe média, Quinta das Lavadeiras, Thébar FredericoResumo
Em meados da década de 1950, milhares de pessoas abandonavam as zonas rurais do interior português rumo à capital em busca de melhores condições de vida. O crescimento populacional nos seus territórios periféricos aumentava assim exponencialmente, em particular no limite norte, com um enorme impacto nos fluxos de tráfego pendular e na especulação imobiliária, afetando uma classe média emergente, ignorada pelo Estado, explorada e orientada para a economia de mercado. Á margem das narrativas da alta cultura, estes lugares encarnaram a imagem dos maiores males da ortodoxia do urbanismo moderno: o carácter anónimo da vida (sub)urbana, da habitação em massa e da autoestrada. O seu estudo tem sido ignorado e, consequentemente, uma parte importante do tecido da cidade. Recorrendo a material de arquivo não publicado, filmes e notícias de época, este artigo reconstrói a história do conjunto urbano da Quinta das Lavadeiras na Calçada de Carriche, a porta norte de Lisboa, desenvolvido durante os anos 1960 por promotores privados. O cruzamento da informação relativa ao projeto, sua construção e respetivo impacto na paisagem, na sua condição intermédia, entre o rural e a fé no progresso urbano, entre centro e subúrbio, entre classes sociais, permite uma reflexão crítica sobre o divórcio entre o debate teórico e a construção de uma contra-arquitetura promovida por empresas de construção que atuaram nestes territórios expectantes, definindo-os.
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- Resumo 606
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