A TRANSGRESSÃO FEMININA E A PROTECÇÃO DA VIRGEM NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
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Estudo das poesias narrativas das Cantigas de Santa Maria, de Afonso X, com particular destaque para aquelas que põem em cena situações de transgressão feminina, nomeadamente no que se refere ao vício do jogo, a assassinatos e a comportamentos sexuais proibidos.
Verifica-se que, tanto a protecção, como os castigos da Virgem são aplicados, indistintamente, a homens e a mulheres, o que revela alguma equidade de tratamento, a este nível. Por conseguinte, defende-se que, mais do que a maior ou menor condescendência ou censura para com um determinado género, o que as Cantigas de Santa Maria nos mostram são formas diversas que os vínculos entre os seres humanos e a divindade podem tomar. Estes modelos, por seu turno, são, inevitavelmente, projectados na sociedade humana, onde também se valoriza a fidelidade incondicional entre senhores e vassalos.
Santa Maria surge, nestas Cantigas, como uma grande Senhora todo-poderosa a quem é necessário prestar vassalagem e louvar a fim de obter a Sua protecção e os Seus favores, Nela convergindo noções e características do serviço amoroso e do serviço feudal. Homens e mulheres estão obrigados ao mesmo tipo de serviço, cuja recompensa é a protecção inequívoca e incondicional, tanto dos bons e justos, como ainda de alguns “menos bons”.
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